Filosofia na Escola Secundária Jaime Moniz - Funchal

30
Abr 14

Hei-de viver para ver o verdadeiro amor.

publicado por Horacio@Freitas às 21:39

28
Jul 12

 

Introdução à filosofia moral de Kant
 
Kant recebeu de Jean-Jacques Rousseau a ideia de que todos os seres humanos são capazes de distinguir o bem do mal, pelo que todos são chamados a cumprir o seu dever. O iluminismo influenciou também a maneira como Kant encara a razão. Antes de mais, ela deve ser submetida a uma crítica que circunscreva os seus limites de possibilidade. É, todavia, esta instância - razão - que distingue o ser humano do animal, conferindo-lhe a capacidade de pensar por si mesmo. O iluminismo representa, para Kant, a saída do Homem da sua menoridade, de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem.
Servir-se da sua própria razão é ser autónomo e, portanto, livre. O certo, porém, é que, ao sobrevalorizar a razão, o iluminismo fez uma crítica à religião, o que conduziu ao cepticismo e a um estado de incredulidade. Não foi apenas a religião que sofreu este abalo. Também a moral viu serem abalados os seus fundamentos, porque ela baseava-se, em grande parte, na religião.
Perante este cenário, Kant pretende mostrar que o fundamento da moral pode efectivamente ser encontrado fora da religião, mas que a religião não é inútil ou desprovida de sentido. Pelo contrário, existe toda uma esfera que escapa às capacidades da razão. Como tal, Kant quis preservar a fé, mas sem negar o exercício da razão.
 
O ser humano
 
O ser humano é um ser marcado por uma dualidade: é, por um lado, um ser sensível, isto é, um ser da Natureza, condicionado pelas suas disposições naturais, que o levam à procura do prazer e à fuga da dor. Este aspecto primário define o egoísmo que preside à vertente animal do ser humano. Por outro lado, é um ser racional, isto é, alguém capaz de se regular por leis que impõe a si mesmo. Tais leis revelam a sua autonomia, tendo a sua sede na razão. São leis morais que o levam a praticar o bem, em detrimento dos seus caprichos e interesses individuais. Assim, o ser humano é um ser dividido entre a sua inclinação para o prazer e a necessidade de cumprir o dever. Tanto se pode deixar arrastar pelos seus instintos, como determinar-se pela razão.
Ao contrário do animal, que está determinado a agir desta ou daquela maneira, o ser humano possui uma margem de liberdade, podendo agir de acordo com princípios que impõe a si mesmo. Só podemos, portanto, falar em moralidade se considerarmos que o ser humano é um ser livre. É essa liberdade que lhe confere dignidade.
 
A boa vontade
 
Kant faz da boa vontade a condição de toda a moralidade. Sendo governada pela razão, a boa vontade é boa pelo seu próprio querer. A moralidade é concebida independentemente da utilidade ou das consequências que possam advir das acções. Estamos perante uma ética não consequencialista. Ter saciado a fome a trinta pessoas ou apenas a uma é irrelevante para aferir a moralidade destes actos. Tudo depende da intenção com que as acções em causa foram realizadas. Ora, a intenção é o que caracteriza a vontade. A uma boa vontade corresponde uma boa intenção. A intenção moral só é conhecida pela consciência do indivíduo.
 
O dever
 
A vontade é boa quando age por dever. O conceito de dever contém em si o de boa vontade, como diz Kant. O dever será uma necessidade de agir por respeito à lei que a razão dá a si mesma. Mas, antes de nos referirmos a essa lei, é preciso ter em conta o seguinte: uma acções pode ser conforme ao dever e, no entanto, não ser moralmente boa. A pessoa pode agir de acordo com o dever, mas movida por interesses egoístas. É o caso da atitude daquele comerciante que é honesto para comos seus clientes apenas ter mais lucros. Ele não engana, não rouba, não viola as leis. Exteriormente, a sua acção está de acordo com o que deve ser feito. Mas, ao fazer tudo isso a fim de promover o seu próprio negócio, este comerciante não agiu moralmente bem. A sua acção foi apenas um meio para atingir um fim pessoal. Segundo Kant, não agiu por dever e portanto não agiu moralmente bem. O valor moral de uma acção reside na intenção. Daí que seja importante distinguir moralidade de legalidade. Se a moralidade caracteriza as acções realizadas por dever, a legalidade caracteriza as acções que estão em conformidade com o dever, mas que podem muito bem ter sido realizadas com fins egoístas. Segundo Kant, é, portanto, o sentimento do dever, o respeito pela lei moral, que nos deve determinar a agir.
 
A lei moral
 
Agir por dever exige um conhecimento das regras, das normas, a que se tem de obedecer. Que regras são essas? Ora, Kant não se preocupa em inventariar um conjunto de regras concretas. Pelo contrário, procura o fundamento de todas as regras, ou seja, usando um exemplo, não se trata de saber se devo mentir ou não devo; trata-se de encontrar o que está na base da minha opção pela mentira ou pela honestidade. É por isso que Kant distingue máximas de leis morais. As máximas são os princípios subjectivos da acção, os princípios concretos segundo os quais agimos. São consideradas pelo sujeito como válidas apenas para a sua vontade. As leis morais, por sua vez, são objectivas, isto é, são consideradas como válidas para a vontade de todo o ser racional, enunciando a forma como se deve agir.
Neste sentido, podemos afirmar que só a máxima que se possa tornar uma lei universal é que possui valor moral, isto é, se a máxima se puder universalizar, se puder ser válida para todos, ela converte-se em lei moral. Escreve Kant: "Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal."
Assim, a fórmula kantiana não nos diz para agirmos desta ou daquela maneira, não nos dá o conteúdo da lei, apenas nos indica a forma como devemos agir. Este é o princípio moral fundamental, um mandamento incondicional, assumindo a forma de um imperativo categórico.
O que é um imperativo categórico? Kant distingue imperativo hipotético de imperativo categórico. Enquanto aquele apresenta uma acção como meio para alcançar determinado fim (por exemplo, "estuda, se queres tirar boas notas"), o imperativo categórico indica que a acção é necessária e boa em si mesma, independentemente dos fins que se possam alcançar com ela.
Mas o imperativo categórico pressupõe que existem fins absolutos. Um fim absoluto é representado pela pessoa humana. Ao contrário das coisas, que têm um preço, a pessoa possui um valor único, possui dignidade. Por conseguinte, não deve ser tratada como uma coisa, o que lhe retiraria dignidade. Nesse caso, o imperativo categórico adquire outra formulação: Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca como meio.
 
A Liberdade
 
Cada indivíduo, enquanto ser racional, é autor das leis que impõe a si mesmo. A lei moral, universalmente válida, tem origem na razão. Sendo assim, cada indivíduo é legislador e responsável por aquilo que faz. A moralidade pressupõe, portanto, a autonomia da vontade. Numa palavra, pressupõe a liberdade. E em que medida é que o indivíduo é autónomo? Autonomia face a quê? É autónomo na medida em que é capaz de agir independentemente das leis da natureza. De facto, na natureza tudo se encontra determinado. As leis físicas expressam esse determinismo. Em contrapartida, no reino moral existe a liberdade. O ser humano é livre sempre que se submete às leis da sua própria razão. Nesse caso, não somos livres quando fazemos aquilo que nos apetece, mas sim quando cumprimos o nosso dever, ou seja, quando nos submetemos à lei moral que existe em nós.
Assim, o ser humano é habitante de dois mundos: o da natureza e o da moralidade, o do determinismo e o da liberdade. Se deve agir, é porque pode agir. Além disso, o valor moral da acção não reside nas consequências, mas sim na intenção. Daí a proposta kantiana traduzir uma ética deontológica. Centrando-se no dever e na racionalidade, é uma ética formal, uma vez que não indica regras concretas do agir, antes a sua forma, e é também uma ética que não se baseia na busca da felicidade, antes na realização da lei moral.
publicado por Horacio@Freitas às 23:14

19
Jan 10

Nada menos supérfluo do que ensinar as opções e os valores da liberdade se queremos educar seres humanos livres. Mas como falar de ética aos adolescentes, sem incorrer na simples crónica das ideias morais ou no doutrinamento casuístico sobre questões práticas? Pensado e escrito para ser lido por adolescentes, Ética para Um Jovem explica, numa linguagem clara, profunda e ao mesmo tempo divertida, do que trata a Ética e de como a podemos aplicar à nossa vida quotidiana para tentarmos viver da melhor maneira possível connosco e com os outros. Um livro que convida o leitor a reflectir e a colocar novas questões sobre a liberdade de escolha, a responsabilidade, o valor da amizade, o amor, o respeito, a posse, o poder. Com exemplos ilustrativos que vão dos clássicos gregos a Citizen Kane, cada capítulo finaliza com citações de escritores como Erich Fromm, Martin Buber, Daniel Defoe e Octavio Paz. Um livro indispensável tanto para jovens como para pais e professores.

      Ética para um Jovem é um livro escrito em tom de conversa dum pai para o seu filho de 15 anos. É escrito numa linguagem clara e informal, fácil de apreender por um aluno do secundário. Apesar disso o livro aborda em profundidade questões essenciais da ética como valores, responsabilidade, liberdade, etc. O autor é Fernando Savater, professor catedrático de Ética na Universidade do País Basco. Editora: Dom Quixote

 

publicado por Horacio@Freitas às 10:04

14
Jan 10

     Na Alegoria da Caverna, Platão descreve um grupo de homens que vivem presos no fundo de uma caverna e que consideram reais as sombras projectadas na parede. Para eles, essas sombras são a realidade – a única realidade.

     Platão termina a Alegoria dizendo que os prisioneiros são semelhantes a nós. Essa semelhança significa que nós muitas vezes também confundimos a aparência com a realidade e julgamos verdadeiro o que é falso. Não estamos presos por correntes metálicas como os prisioneiros descritos por Platão, mas por outro género de “correntes”, que não imobilizam o corpo mas sim a mente: preguiça, medo, vícios, falta de espírito crítico, etc.

     Inspirando-se na Alegoria da Caverna, o artista brasileiro Maurício criou uma pequena banda desenhada ("As Sombras da Vida") em que compara os prisioneiros, que julgam as sombras reais, com as pessoas “viciadas” em televisão, que confundem as suas imagens com a vida. Como é evidente, não é a televisão em si que é uma “corrente” mas a atitude acrítica e passiva que muitas pessoas têm perante ela.

(Pode encontrar essa banda desenhada aqui: clique em Quadradinhos, depois em Histórias Seriadas e finalmente em Piteco: As Sombras da Vida).

     Para ilustrar essa ideia existem muitos outros exemplos: as pessoas que discutem as acções e personalidades das personagens das telenovelas como se estas fossem pessoas reais; as pessoas, nomeadamente crianças, que imitando os feitos dos super-heróis vistos na TV tentam voar ou dar saltos impossíveis; as pessoas que em vez de praticar desporto passam horas sentadas no sofá a ver desportos na TV; etc.
 
publicado por Horacio@Freitas às 16:20

 

Alice Santos, professora de filosofia acaba de lançar mais um livro do qual disponibilizo aqui a introdução e a respectiva capa e contracapa.
 






Introdução


“A questão não está em saber se eles podempensar ou falar, mas sim se podem sofrer”

Bentham



No Verão em que visitei, pela primeira vez, o canil novo da Associação Brigantina de Protecção dos Animais, saí de lá com a certeza de que este livro iria ser escrito. Espantou-me, por um lado, o facto de todos os cães abandonados, mais de uma centena, terem um nome atribuído carinhosamente pelos tratadores; por outro, o trabalho árduo, voluntário e diário de todas as pessoas envolvidas naquele projecto.
A diversidade dos residentes do canil vai desde os bebés fofos e brincalhões, para os quais existe ainda a esperança de encontrar um lar, até aos velhotes que na devida altura ninguém quis e que foram integrados na grande casa que é o canil. Fiquei com a convicção de que foi a compreensão profunda do significado do amor de cão que permitiu que a Associação resistisse, contra ventos e intempéries, até aos dias de hoje. Por isso desejei dar voz humana à comunicação não discursiva, mas falante, de alguns dos animais que passaram pelo coração destas pessoas.
A escrita deste livro fez-me despertar para a realidade concreta do abandono e maus tratos que o chamado “melhor amigo do homem” sofre no nosso país. Poderão invocar o facto de haver muita miséria humana e que, por isso, a dos cães é um mal menor. O que pretendo mostrar é que a forma como lidamos com os animais, com a biodiversidade, com os mares e os rios, e com o planeta em geral é o espelho da verdadeira miséria humana. Quem abandona um companheiro indefeso tem o caminho lavrado para a indiferença em relação à fome ou sofrimento do vizinho humano, à criança esquecida ou humilhada, ou mesmo em relação ao esgotamento dos recursos naturais. Tais atitudes estão relacionadas com questões de sensibilidade. As escolas prestariam um enorme serviço à humanidade se deixassem de se preocupar apenas com o cognitivo e desenvolvessem conscientemente uma educação para uma sensibilidade integral.
A Declaração Universal dos Direitos do Animal tem cerca de trinta anos e os princípios nela consignados são ainda uma espécie de campo de batalha de gente considerada esquisita, alternativa ou pura e simplesmente que não tem mais nada que fazer. Os princípios aí defendidos são suficientemente revolucionários para que uma aplicação rigorosa exigisse a alteração profunda de hábitos e concepções da Natureza. Por outro lado, enquanto princípios têm apenas uma função reguladora e não constitutiva. Para que esta última se dê é necessária a transformação dos princípios em lei. Louva-se, por isso, a lei recente relativamente à utilização dos animais nos circos que, no horizonte limitado de velhos costumes e hábitos, está a ser objecto de contestação. Do mesmo modo enquanto os crimes contra a Natureza em geral e os animais não passar pelo período pedagógico da coercitividade da lei continuaremos longe da ideia de que o desrespeito pelos animais está relacionado com o desrespeito pelos seres humanos entre si.
Apenas o encerramento num antropocentrismo serôdio impede a extensão do princípio da igualdade na consideração de interesses (princípio amplamente defendido por Peter Singer) às espécies animais não humanas:

“Como pode alguém gastar o seu tempo com a igualdade dos animais quando a verdadeira igualdade é negada a tantos seres humanos?
Esta atitude reflecte um preconceito popular contra a ideia de levar os interesses dos animais a sério – um preconceito tão infundado como aquele que levou os esclavagistas brancos a não considerar com a devida seriedade os interesses dos seus escravos africanos.
(...) A dor e o sofrimento são maus e devem ser evitados ou minimizados, independentemente da raça, sexo ou espécie do ser que os sofrem.”[1]
Para a aplicação do princípio da igualdade na consideração de interesses a qualquer animal humano e não humano torna-se necessário centrarmo-nos na capacidade que cada ser possui de sofrer e de gozar as coisas. O que nos poderá, então, fazer crer que um animal não humano não tenha interesse em não ser molestado e em usufruir de bem estar? Se um tal interesse dependesse apenas da capacidade de pensar, então deveríamos excluir do mesmo modo os bebés humanos e os deficientes mentais profundos.
Se desde a infância explicitamente fizesse parte da educação observar, compreender, respeitar e amar os animais, o princípio da igualdade na consideração de interesses seria vivido com naturalidade. Pelo contrário, encontramos frequentemente pessoas que tratam os animais com muito menos cuidado do que aquele que colocam em relação às coisas que possuem.
Todas as histórias deste livro tiveram como ponto de partida histórias reais de abandono ou de maus tratos. Seria desejável que elas nos fizessem pensar no modo como nos estamos a relacionar com o tesouro que é a vida.
O abraço final do Pulga é o símbolo dessa riqueza.
Alice Santos
 

in http://filosofiaes.blogspot.com/

publicado por Horacio@Freitas às 16:14

 

 

A Surfista. jpg

A Surfista, fotografia de Gustavo Moreira Tavares (tirada daqui). 

Os sofistas - pensadores gregos, cujos nomes mais conhecidos são Górgias e Protágoras – foram os primeiros a reflectir sobre o poder persuasivo da palavra. Foram também educadores: ensinavam aos cidadãos gregos a retórica, preparando-os assim para participar na vida política da polis.

No Fédon, Platão atribui, por intermédio de Sócrates, as seguintes características aos sofistas: “(…) é mesmo o filósofo que vos fala, aquele que ama o saber, e não um desses homens sem sombra de cultura, que amam apenas o triunfo das suas teses! Refiro-me aos que, em qualquer tipo de discussão, relegam para segundo plano a natureza real das questões a tratar, e se empenham exclusivamente em convencer os seus ouvintes das opiniões que eles mesmos sustentam (…).”

Destes pensadores, além das referências efectuadas por filósofos posteriores, não chegaram até nós mais do que fragmentos dos escritos originais. Como por exemplo este, da autoria de Górgias (séc. V a. C): “Nunca me falta assunto num discurso”.

A má fama, talvez injusta, que a palavra “sofista” adquiriu – sinónimo de manipulador, daquele que, numa discussão, não olha a meios para alcançar os seus fins – tem em Platão um dos seus principais responsáveis.

Do ponto de vista platónico, o sofista é, por oposição ao filósofo, aquele que pretende convencer o auditório, independentemente da verdade. Assim, em vez de procurar persuadir de forma racional e lógica, recorre a todo e qualquer tipo de subterfúgios. Se necessário utiliza argumentos intelectualmente desonestos, que nada têm a ver com a discussão do assunto em causa, como por exemplo o ataque às características pessoais do interlocutor, o apelo aos sentimentos do auditório, o uso de ameaças, a utilização da autoridade de forma ilegítima, entre muitos outros (designados em Filosofia por falácias informais).

Uma das principais objecções de Platão às ideias dos sofistas prende-se com o facto destes defenderem o relativismo (Protágoras afirmou “o homem é a medida de todas as coisas”). A ideia que a verdade depende do ponto de vista de cada um e, por isso, não existe uma verdade objectiva que possa ser partilhada por todos.

Platão, no diálogo intitulado Górgias, levanta algumas objecções à perspectiva relativista. Se fosse correcta, como se poderia distinguir o verdadeiro do falso? Que sentido faria as pessoas discutirem, se nenhuma opinião poderia ser considerada errada, por mais absurda que fosse? Se cada um possui a sua verdade para quê trocar argumentos? Que valor teria a procura do conhecimento?

Platão conclui que a troca de argumentos só faz sentido no pressuposto de que não estamos condenados ao domínio da subjectividade - não vivemos no reino das opiniões, argumentamos racionalmente para nos tentarmos aproximar da verdade.

Estas considerações vêm a propósito de notícias recentes relativas à vida política portuguesa: a apresentação das listas e dos programas eleitorais dos vários partidos. Percebi, de súbito, devido a este estímulo exterior, o significado de um erro cometido por alguns dos meus alunos ao escreverem surfista em vez de sofista.

Como é que se pode confundir a arte de bem falar com a arte de usar a prancha?

Uma forma possível de explicar este equívoco linguístico é: os sofistas ao abdicarem da procura da verdade e ao recorrem a qualquer meio para alcançar as suas conveniências pessoais – como frequentemente observamos entre os políticos – estão, tal como os surfistas, a cavalgar a onda.

Existem afinidades que nem sempre são evidentes…

Nota: A citação de Platão foi retirada do seu livro Fédon, Lisboa Editora, 1997, pág. 87.

 

publicado por Horacio@Freitas às 15:32


“O Libertismo é a perspectiva de que pelo menos algumas das nossas acções são livres porque não estão causalmente determinadas. Segundo esta teoria, as escolhas humanas não estão constrangidas da mesma forma que outros acontecimentos do mundo. Uma bola de bilhar, quando é atingida por outra bola de bilhar, tem de se mover numa certa direcção a uma certa velocidade. Não tem escolha. As leis causais determinam rigorosamente o que irá acontecer. Contudo, uma decisão humana não é assim. Neste preciso momento, o leitor pode decidir continuar a ler ou parar de ler. Pode fazer qualquer uma destas coisas e nada o faz escolher uma delas [ou seja, nada o obriga a escolher uma delas]. (…)

Esta forma de pensar foi defendida por diversos filósofos e propuseram-se vários argumentos a seu favor.

O argumento da experiência. Podemos começar com a ideia de que sabemos que somos livres porque cada um de nós apercebe-se imediatamente de ser livre cada vez que faz uma escolha consciente. Pense novamente no que está a fazer neste momento: ler uma página que está diante de si. Pode continuar a ler ou parar de ler. O que irá fazer? Pense na sensação que tem agora, enquanto pondera estas opções. Não sente constrangimentos. Nada o impede de seguir numa direcção nem o força a fazê-lo. A decisão é sua. A experiência de liberdade, poder-se-á dizer, é a melhor prova que podemos ter. (…)

O argumento da responsabilidade. O pressuposto de que temos livre-arbítrio está profundamente enraizado nas nossas formas habituais de pensar. Ao reagir a outras pessoas, não conseguimos deixar de as ver como autoras das suas acções. Consideramo-las responsáveis, censurando-as caso se tenham comportado mal e admirando-as caso se tenham comportado bem. Para que estas reacções estejam justificadas, parece necessário que as pessoas tenham livre-arbítrio.

Outros sentimentos humanos importantes também pressupõem o livre-arbítrio. Alguém que conquista uma vitória ou tem sucesso num exame pode sentir-se orgulhoso, enquanto alguém que desiste ou faz batota pode sentir-se envergonhado. Porém, se as nossas acções se devem sempre a factores que não controlamos, os sentimentos de orgulho e de vergonha são infundados. Estes sentimentos são uma parte inescapável da vida humana. Assim, mais uma vez, parece inescapável que nos concebamos como livres.”

James Rachels, Problemas da Filosofia, tradução de Pedro Galvão, Gradiva, Lisboa, 2009, pp.183-184 e 189-190.

Podemos resumir o argumento da experiência (por vezes designado argumento da introspecção) deste modo:
Se inúmeras pessoas têm a experiência ou sensação de ser livres, então a crença no livre-arbítrio é verdadeira.
Ora, inúmeras pessoas têm a experiência ou sensação de ser livres.
Logo, a crença no livre-arbítrio é verdadeira.

Podemos resumir o argumento da responsabilidade deste modo:
Se não existisse livre-arbítrio, então não teria sentido responsabilizar as pessoas.
Mas tem sentido responsabilizar as pessoas.
Logo, existe livre-arbítrio.


Hitler  Raoul Wallenberg

Nas imagens: Hitler e Raoul Wallenberg (diplomata sueco que salvou a vida de milhares de judeus perseguidos pelos Nazis). 

Segundo o Libertismo, só tem sentido censurar Hitler pela morte de mais de seis milhões de pessoas e elogiar Wallenberg pelo salvamento de alguns milhares de pessoas porque existe efectivamente responsabilidade. E a existência desta é um indício de que existe livre-arbítrio. 

Mas o argumento da experiência e o argumento da responsabilidade serão bons argumentos? Pense em objecções e formule-as de modo breve e claro.
 
publicado por Horacio@Freitas às 15:27

Titanic beijo “O impacto cultural da globalização foi alvo de muita atenção. Imagens, ideias, produtos e estilos disseminam-se hoje em dia pelo mundo inteiro de uma forma muito mais rápida. O comércio, as novas tecnologias de informação, os meios de comunicação internacionais e a migração global fomentaram um fluxo sem restrições de cultura que transpõe as fronteiras das diversas nações. Muitas pessoas defendem que vivemos hoje numa única ordem de informação – uma gigantesca rede mundial, onde a informação é partilhada rapidamente e em grande quantidade. (…)

Segundo estimativas, centenas de milhões de pessoas do mundo inteiro assistiram ao filme Titanic, em salas de cinema ou em vídeo. Estreado em 1997, o Titanic conta a história de um jovem casal que se apaixona a bordo do fatídico navio transoceânico, e é um dos filmes mais populares de sempre. O Titanic quebrou todos os records de bilheteira, acumulando mais de 1,8 mil milhões de dólares de receitas provenientes de salas de cinema em cinquenta e cinco países diferentes. Aquando da estreia do filme, formaram-se em muitos países filas de centenas de pessoas para comprar bilhete, e as sessões estavam permanentemente esgotadas (…)

masai e mulher ocidental O filme é um dos muitos produtos culturais que conseguiu quebrar as fronteiras nacionais e dar origem a um fenómeno de verdadeiras proporções internacionais. (…)

Uma razão que explica o sucesso de Titanic é o facto do filme reflectir um conjunto particular de ideias e valores com que as assistências pelo mundo fora conseguiam identificar-se. Uma das temáticas centrais do filme é a da possibilidade do amor romântico vencer as diferenças de classe social e as tradições familiares. Embora este ideal seja, de uma forma geral, aceite na maior parte dos países ocidentais, ainda não prevalece em muitas outras regiões do mundo. O sucesso de uma película como o Titanic reflecte a mudança de atitudes em relação a relacionamentos pessoais e casamentos, por exemplo, em partes do mundo onde os valores mais tradicionais têm prevalecido. No entanto, pode dizer-se que o Titanic, tal como muitos outros filmes ocidentais, contribui para essa mudança de valores. Os filmes e programas de televisão produzidos no Ocidente, que dominam os media mundiais, tendem a avançar uma série de agendas políticas, sociais e económicas que reflectem uma visão do mundo especificamente ocidental. Alguns preocupam-se com o facto da globalização estar a conduzir à criação de uma ‘cultura global’, em que os valores dos mais ricos e poderosos – neste caso, os estúdios de cinema de Hollywood – se sobrepõem à força dos hábitos e das tradições locais. De acordo com esta perspectiva, a globalização é uma forma de ‘imperialismo cultural’, em que os valores, os estilos e as perspectivas ocidentais são divulgados de um modo tão agressivo que suprimem as outras culturas nacionais.

Outros autores, pelo contrário, associaram os processos de globalização a uma crescente diferenciação no que diz respeito a formas e tradições culturais. Ao contrário dos que insistem no argumento da homogeneização cultural, estes autores afirmam que a sociedade global se caracteriza actualmente pela coexistência lado a lado de uma enorme diversidade de culturas. Às tradições locais, junta-se um conjunto de formas culturais adicionais provenientes do estrangeiro, presenteando as pessoas com um leque estonteante de opções de escolha de estilos de vida. Estaremos a assistir à fragmentação de formas culturais, e não à formação de uma cultura mundial unificada. As antigas identidades e modos de vida enraizados em culturas e em comunidades locais estão a dar lugar a novas formas de ‘identidade híbrida’, compostas por elementos de diferentes origens culturais. Deste modo, um cidadão negro e urbano da África do Sul actual pode permanecer fortemente influenciado pelas tradições e perspectivas culturais das suas raízes tribais, mas simultaneamente adoptar um gosto e um estilo de vida cosmopolitas – na roupa, no lazer, nos tempos livres, etc. – que resultam da globalização.”

Anthony Giddens, Sociologia, 5ª edição, F. C. Gulbenkian, 2007, Lisboa, pp. 64-65.

 

 

1. Descreva em poucas palavras a globalização cultural.

2. Dê exemplos ilustrativos da globalização cultural diferentes dos exemplos dados pelo autor.

3. Relacione a globalização cultural com a aculturação.

4. Relacione a distinção entre aculturação por assimilação e aculturação por destruição com a divergência entre os autores que defendem que a globalização cultural leva à homogeneização cultural e os autores que defendem que leva à diferenciação cultural.

5. Na sua opinião, quem tem razão nessa divergência. Porquê?

 

in http://cadernosociologia.blogspot.com

 

publicado por Horacio@Freitas às 15:21

08
Jan 10

Os Valores: análise e compreensão da experiência valorativa.
1. O que são os valores e qual a sua utilidade.
2. Qualidades primárias, ideias e valores.
3. Juízos de facto e juízos de valor.
4. Características dos valores: polaridade, historicidade e hierarquização.
5. A taxinomia dos valores.

publicado por Horacio@Freitas às 13:58

 
       Uma taxinomia é uma classificação. No caso dos valores isto implica uma hierarquia, isto é, uma classificação onde se seleccionam e comparam os valores. Esta hierarquização organiza os valores de acordo com um critério valorativo que considera os valores espirituais superiores aos valores vitais ou de utilidade porque são duradouros e são transversais a culturas e à subjectividade humana.

Tábua de valores de Max Scheller, adaptada por Ortega y Gasset

1. Valores úteis
caro-barato
abundante-escasso
necessário-supérfluo
Capaz - incapaz

2. Valores vitais
são-doente
selecto-vulgar
enérgico-inerte
forte-débil

VALORES ESPIRITUAIS:
1. Intelectuais:
conhecimento-erro
exacto-aproximado
evidente-provável
Verdadeiro -Falso

2. Éticos/Morais
bom-mau
bondoso-ardiloso
justo-injusto
leal -desleal
honesto - desonesto

3. Estéticos
escrupuloso - desleixado
belo-feio
gracioso-tosco
elegante-deselegante
harmonioso-desarmonioso
 
4. Religiosos
sagrado-profano
divino-demoníaco
supremo-derivado
milagroso-mecânico
 
publicado por Horacio@Freitas às 13:50

18
Mai 09

      Aqui estão algumas preciosas orientações para a realização de trabalho escrito. Posteriormente serão seleccionados e publicados alguns trabalhos dos alunos.

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Elaboração de trabalhos escritos:

  1. Capa
  2. Identificação
  3. Índice
  4. Introdução
  5. Desenvolvimento
  6. Conclusão
  7. Bibliografia
 
Apresentação:
  1. Exposição oral na sala de aula ( recurso a audiovisuais e debate)
  2. Versão escrita do trabalho
 
Regras de elaboração/apresentação do trabalho escrito:
  1. Número de páginas (Máx 12, Min 6)
  2. Tamanho de letra (12)
  3. Tipo de letra (legível)
  4. Inclusão de imagens as quais devem ser ilustrativas do assunto desenvolvido.
  5. O aluno poderá realizá-lo com escrita manual.
 
Materiais:
  1. Manual
  2. Internet
  3. Revistas
  4. Enciclopédias
  5. Textos literários
  6. Jornais
  7. Filmes (subordinados ao tema escolhido)
  8. Música ( subordinada ao tema escolhido)
 
Prazo de entrega do trabalho:  1ª Semana - Junho 2009
 

Todo o trabalho escrito deve ser estruturado em:
  1. Capa – dela farão parte o título e o ano em que foi elaborado.
  2. Identificação -  nesta primeira folha do trabalho deverão ser identificados o estabelecimento de ensino; disciplina a que se destina; o autor ou autores; o professor.
  3. Índice – formado pelo nome das partes que constituem o trabalho. À frente de cada uma será escrito o número da página onde se inicia o assunto. O trabalho deverá ser paginado.
  4. Introdução – Toda a introdução deve ser relativamente breve e conter, necessariamente, a explicitação do seu objectivo, a justificação do tema e a apresentação das partes em que se vai desenvolver.
  5. Desenvolvimento – Esta é a parte essencial do trabalho, por isso a mais longa, podendo ser dividida em vários capítulos. Do desenvolvimento do tema deve constar a explicação, a argumentação e a fundamentação das ideias defendidas pelo trabalho. Segue uma metodologia rigorosa: não copiar sem citar, transcrever as ideias dos outros com fidelidade.
  6. Conclusão – A conclusão tem por objectivo apresentar a síntese do trabalho apresentando soluções e considerações criticas. Do ponto de vista formal, esta parte do trabalho não deve ser muito extensa.
  7. Bibliografia – Todo o trabalho deve apresentar no seu fim a bibliografia (sejam obras ou partes de obras) consultada, que deve estar ordenada alfabeticamente pelo apelido do autor.
 
Temas propostos:
  1. Os direitos humanos e a globalização
  2. Direitos das mulheres como direitos humanos
  3. Racismo e Xenofobia
  4. Responsabilidade ecológica
  5. A paz mundial e o diálogo inter-religioso
  6. Toxicodependência
  7. Violência
  8. O poder e os riscos da ciência
  9. Aborto - A discussão da vida
  10. Eutanásia - A dor e a vida por um fio
  11. Alimentação biológica Vs Manipulação genética
  12. Energias renováveis
  13. O uso da Web - Prós e contras
 
Objectivos:
  1. Adquirir hábitos de estudo e trabalho autónomo
  2. Utilizar criteriosamente as fontes de informação, designadamente, obras de referência e novas tecnologias
  3. Promover a integração de saberes (perspectiva interdisciplinar)
  4. Desenvolver a capacidade de problematização
 
Critérios de avaliação:
  1. Riqueza e diversidade dos materiais.
  2. Organização e reelaboração dos materiais.
  3. Selecção e tratamento dos materiais recolhidos em função dos objectivos traçados.
  4. Pertinência das questões abordadas.
  5. Problematização de questões de âmbito filosófico.
  6. Redacção cuidada do texto.
  7. Participação activa no trabalho.
 
Prof. Horácio de Freitas
publicado por Horacio@Freitas às 19:59

14
Mai 09

      

 

      -  Aqui está uma crónica que, apesar de ter sido escrita à distância de um ano, não consegue fazer-nos esquecer (nunca) a actualidade do tema.

 


Desidério Murcho

Público, 15 de Julho de 2008

 

O ensino público português não está a cumprir o seu papel social de dar oportunidades aos estudantes oriundos de famílias culturalmente carenciadas. Isto acontece porque as políticas do Ministério da Educação têm tido o efeito de dificultar cada vez mais a aprendizagem desses estudantes. Vejamos porquê.
A convicção que tem orientado as políticas educativas dos últimos anos é a seguinte: os estudantes culturalmente carenciados não são realmente ensináveis, nem podem ter qualquer interesse em física, medicina ou geografia, porque são cognitivamente deficientes: só os filhos das famílias culturalmente privilegiadas são ensináveis, porque não são cognitivamente deficientes, e por isso só eles podem ter interesse nas matérias "elitistas".
Esta convicção não só é uma aberração biológica como põe o mundo de pernas para o ar: o elitismo é a crença de que a física quântica, por exemplo, ou o piano, é só para certos estudantes privilegiados, ao passo que para os outros só pode interessar o surf. Esta atitude é parecida com o racismo, porque, em vez de ver os estudantes individualmente como seres humanos, vê os estudantes apenas como membros de classes sociais, e presume que os estudantes culturalmente carenciados o são, não por serem vítimas da falta de oportunidades, mas por incapacidade cognitiva.

 

Ao eliminar as disciplinas centrais das áreas académicas que constituem o legado da humanidade, substituindo-as por vacuidades escolares que visam aparentemente a integração social ou a educação para a cidadania, a escola pública faz o oposto: não permite que um estudante culturalmente carenciado possa tornar-se um cidadão pleno, porque não lhe dá as competências cognitivas relevantes, nem lhe ensina os conteúdos sem os quais só poderá ser um consumidor passivo da Coca-Cola, telenovelas e futebol.


Ao tornar os exames cada vez mais fáceis, a escola pública prejudica exclusivamente os estudantes mais carenciados, pois está a dizer-lhes que não precisam de estrudar, ao mesmo tempo que aprofunda o fosso entre eles e os mais privilegiados, pois estes estudam em qualquer caso, com exames fáceis ou difíceis.

O Ministério da Educação não consegue persuadir os estudantes mais carenciados do valor intrínseco do conhecimento, do estudo e da escola, porque considera que estes estudantes não têm capacidade cognitiva para valorizar tais coisas. Mas qualquer agência de publicidade conhece as técnicas básicas para criar nas pessoas apetência pelo que elas antes não valorizavam. Proponho por isso que se substitua o Ministério da Educação por uma agência de publicidade.
Se é possível convencer os estudantes mais carenciados a valorizar inanidades como a Coca-Cola, os ténis Nike e os bonés americanos de basebol, tanto mais fácil será ensinar-lhes a valorizar o que realmente tem valor intrínseco: o legado cognitivo da humanidade, codificado em coisas como a matemática, a física ou a história.


D
esidério Murcho
Universidade Federal de Ouro Preto
 
publicado por Horacio@Freitas às 00:24

13
Mai 09


Considere-se, por exemplo, a actividade de se manter em boa forma física. Isto pode ser feito, primariamente, como um fim em si. Ou pode ser feito como um mero meio para a boa forma. Pergunte-se o seguinte: Quem estará em melhor forma física depois de cinco anos, a pessoa que se pune ao obrigar-se a ir correr todas as manhãs ou a pessoa que por gostar do acto físico de cor­rer o faz com gosto todos os dias?

Se em todas as suas actividades aquilo em que se concentrar for o produto final - o livro lido, a bicicleta arranjada, o correio distribuído, o diploma da faculdade, o seu eu ideal - pode ter um breve momento de felicidade ao terminar algo, mas depois é, normalmente, tempo de começar outra coisa. Depois precipita-se para o próximo projecto, lutando consigo mesmo porque no fundo também não quer estar a fazer isso. Apenas quer tê-lo feito, tê-lo acabado.

Se estiver ligado ao processo, a maior recompensa não estará no seu fim. Estará no fazer. O fim pode até ter um aspecto triste, pois irá significar o fim de um certo processo. Para os autores deste livro, por exemplo, quando a última palavra estiver escrita, quando a versão final for enviada para o editor, haverá alegria. Mas também existirá tristeza, pois um processo que eles adoram terá ter­minado. Poderão existir outros livros, outros processos. Mas este processo em particular terá aca­bado para sempre.

O mesmo acontece com o processo de ser uma pessoa. Quando uma vida que foi boa está perto do seu término, existirá tristeza. Poderá também existir alegria pelo fim do processo. Poderão até existir outras vidas. Mas esta vida, este processo em particular, terá terminado para sempre.

A chave para o sucesso na vida consiste assim em ligarmo-nos não a um produto mas a um processo: em última análise, em ligar-se com o processo de ser você mesmo. Onde existir uma li­gação genuína a um processo, existirá sucesso. O sucesso torna as nossas vidas ricas e cheias de significado. E onde há sucesso, no fim existirá também tristeza, pois faz parte da natureza de to­dos os processos mudarem, e ao mudarem terminam.

Daniel Kolak e Raymond Martin, Sabedoria sem respostas, trad. Célia Teixeira.

publicado por Horacio@Freitas às 23:58

12
Out 08

 
Todos nós damos valor às nossas crenças. Quando surge alguém que põe em causa as nossas crenças por não terem fundamentação suficiente – ou que, como Sócrates, se limita a pôr questões embaraçosas sobre as quais não tínhamos pensado, ou demonstra que varremos pressupostos subjacentes cruciais para debaixo do tapete -, isso ultrapassa a simples busca do conhecimento. É sentido como um ataque pessoal

Carl Sagan, Um mundo infestado de demónios, Gradiva, p.300 

Almeida, Rolando in Filosofia no Ensino Secundário.

publicado por Horacio@Freitas às 17:39


Sem títuloA Texto Editora acaba de lançar uma colecção para ajudar os estudantes a orientar o estudo. Um dos volumes da colecção é dos autores do manual Pensar Azul. Apresenta esquemas sínteses e explicações sumárias dos principais conteúdos. O livro é vendido a um preço baixo. Clicar na imagem para aceder.

 

Almeida, Rolando in Filosofia no Ensino Secundário.


 

 

publicado por Horacio@Freitas às 11:05

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